sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Palavras

Lindas palavras...
Palavras que pulam,
saltam para fora do papel
e vêm iluminar minhas ideias.

Palavras que falam,
gritam, sussurram, suspiram
e palavras que não dizem, mas fazem sentir.
Palavras que voam, que correm,
festejam, ecoam e escoam.
Gotas de cérebro derramadas no papel.

Umas são ideias, amarelas ou jogadas,
chorosas por não iluminar...

Palavras não são palavras.
São pedaços do homem
lançados no mundo
que podem se tornar outros homens
ou simplesmente carniça.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Uma folha


Sozinho num banco
procuro pensar.
Uma folha em branco,
a me namorar,

quer que eu deposite
nela o meu viver;
o que em mim existe
e me faz sofrer...

Torna-se uma amiga
matrimonial
me entende e me abriga
do meu próprio mal.

Toda rabiscada,
amarela, inútil,
apenas usada
num momento fútil...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lágrimas


Uma lágrima cai.
Um aperto no peito não me deixa em paz.
Junto com ele um desespero terrível suscita em mim
a vontade de ver tudo acabado.

Duas lágrimas caem.
A dor toma conta de mim cada vez mais.
E as lembranças me perturbam,
exigindo uma explicação, um porquê.

Três lágrimas seguem as primeiras.
Um suspiro tristonho deseja, pede alívio.
Ele é mensageiro da loucura.
Da loucura paixão, da loucura gostar ou da amar?

Proibo a queda de mais lágrimas.
Penso em tudo que fiz.
Olho pro meu rosto, xingo-me, ergo a cabeça e
como último recurso para escapar disto começo a chorar...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Desabafo




Me recuso a continuar...
Deixei escoar pelas minhas mãos
o tempo.
Iniciei e logo desisti...
Fui jogando pra frente como se
tudo pudesse.

Agora, me recuso à farsa.
Estou disposto a fazer, a começar do início,
não do meio...

domingo, 29 de novembro de 2009

Ruído

Tudo cala-se!
Não.
Ainda há vozes...
Meu pensar não para.
E ouço:
as palavras que sua boca não falou,
das suas veias o pulsar,
os suspiros que você evitou,
os soluços que ainda terá.




Não sei o que se passa em mim.
Meu pensar se lança ao nada,
minha boca está travada
e há lágrimas sem fim.

Meu respirar é cansado...
Suspiros demasiados,
chorosos, desconsolados
co'a vida que os fez assim.

O rosto ainda molhado,
e o pensar em devaneio,
longe, pedem um abraço.

Correm loucos sem receio,
os pés sem darem um passo...
Pergunto: por que não veio?

Impossibilidade


Eu quero abraçar o vento
E tocar o azul do céu.
Eu quero parar o tempo
E fazer, do amargor, mel.

Na água poder escrever,
Ouvir o que não foi dito,
Te olhar não podendo ver,
Ler o que não foi escrito,

Enxergar escuridão,
Acariciar sem ter mão...
O que quero é impossível!

Tudo o que digo é conforto,
Brevemente estarei morto,
Teu coração é inacessível.


Pintura de Lucílio de Albuquerque, O despertar de Ícaro

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