sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma carta


Ainda está lá, a filha do arrependimento,
toda amassada, porém ainda dobrada,
como se contivesse algum sentimento,
como se fosse uma lágrima falada.

Seu conteúdo voltando a minha mente:
sentimentos nervosos, loucos e inquietos,
estavam transcritos em um grito doente.
Grito dividido em  sussurros completos.

Eram letras cansadas feitas com rapidez.
Uma grande parte equivocada, insensata...
Um eu te amo estava escondido mais de uma vez.
Carta não enviada sem remetente sem data

Pintura de Jacob Lawrence, The Letter

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sonho de Cupido


Ontem sonhei uma lembrança,
uma lembrança que não existiu.
Era tão terna, uma suave dança,
como viagem que não partiu...

Apenas os olhos conversavam.
Depois revoltados pela ilusão,
partiram e não mais sonhavam
acordaram sozinhos na escuridão.

Foi assim, sem deixar saudade,
interrupção de um choro contido.
Seria tão real, se toda a verdade
brotasse do sonho de um cupido.

Pintura de Battistello Caracciolo

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Voo perdido


Plumas, ar e solidão...
Voos perdidos, introvertidos...
Uma única ave na imensidão,
e um ponto de vida, sofrido...

Então minha visão muda de repente,
uma grande mancha de sangue surge.
Uma palavra dita inconsequentemente,
e um desejo, um sonho quebrado, urge.

Talvez fosse grito incontido e mudo
de um eu chorando, esbravejando:
- Eu não te quero, já não me iludo!
Mas era sussuroo pequeno e brando

Papel, tinta e inspiração
sonhos perdidos, introvertidos...
E outra vez um poeta, do coração,
tira seus pesares, de amor feridos.


Pintura de Nicoleta Ceccoli

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pedaço de Sonho



Lembro-me dos cabelos enrolados,
do sorriso sincero, largo e aberto.
Lembro-me dos meus olhos cerrados,
de te ver tão distante estando tão perto.

Foram encontros curtos e poucos
em locais inesperados, imprevisíveis...
Atos cortados, estranhos e loucos,
onde sons e imagens são indefiníveis.

Momentos sem um início, sem um final,
colocados num instante de pensamento.
Foi neste mundo que te conheci: o surreal.
Tu, poema vivo de um sonho ciumento.

Pintura: "O que vemos, o que nos olha" de Ana Luísa Kaminski.

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