segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Desabafo




Me recuso a continuar...
Deixei escoar pelas minhas mãos
o tempo.
Iniciei e logo desisti...
Fui jogando pra frente como se
tudo pudesse.

Agora, me recuso à farsa.
Estou disposto a fazer, a começar do início,
não do meio...

domingo, 29 de novembro de 2009

Ruído

Tudo cala-se!
Não.
Ainda há vozes...
Meu pensar não para.
E ouço:
as palavras que sua boca não falou,
das suas veias o pulsar,
os suspiros que você evitou,
os soluços que ainda terá.




Não sei o que se passa em mim.
Meu pensar se lança ao nada,
minha boca está travada
e há lágrimas sem fim.

Meu respirar é cansado...
Suspiros demasiados,
chorosos, desconsolados
co'a vida que os fez assim.

O rosto ainda molhado,
e o pensar em devaneio,
longe, pedem um abraço.

Correm loucos sem receio,
os pés sem darem um passo...
Pergunto: por que não veio?

Impossibilidade


Eu quero abraçar o vento
E tocar o azul do céu.
Eu quero parar o tempo
E fazer, do amargor, mel.

Na água poder escrever,
Ouvir o que não foi dito,
Te olhar não podendo ver,
Ler o que não foi escrito,

Enxergar escuridão,
Acariciar sem ter mão...
O que quero é impossível!

Tudo o que digo é conforto,
Brevemente estarei morto,
Teu coração é inacessível.


Pintura de Lucílio de Albuquerque, O despertar de Ícaro

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