sexta-feira, 30 de julho de 2021

O ciclo




Com rápidas mãos, abriu meu peito,
vasculhando-me à procura daquilo
que considerava o prêmio perfeito.

Invadiu-me a vida com sorriso largo,
destrancando portas há muito fechadas.
Fugiu de mim, deixando um beijo amargo
e rastejou para as frestas ensombradas.

Agora, preenchendo-me com o vazio,
ergo muros mais altos e impenetráveis...
Ato-me ao que restou deste corpo frio.
Expulso as mesmas bocas insaciáveis.

Meus bolsos estão cheios de chaves
para as quais não encontro portas.
E ao longe, ouço as batidas graves,
anseios, desculpas e palavras mortas.


Pintura de Tomasz Alen Kopera

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