domingo, 27 de maio de 2012

Fim


As palavras de arrependimento
e as muitas lágrimas derramadas
foram, quem sabe, só fingimento,
emoções falsas e descaradas...

Súplicas melódicas e açucaradas
cortavam-me o coração
e nas veias desesperadas
corria dolorosa canção.

Apiedaram-se os olhos meus,
meu abraço se tornou gigante
e cercava firme aquele adeus
para sentí-lo, assim, tão distante.

Pintura de Alberto Pancorbo

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Anonimato


Sentir pulsarem as veias
desta vida inquieta e doentia
é ver, completamente, cheias
as mãos de quem acaricia.

Mesmo na humilde fagulha,
que brilha em escuro olhar,
é possível ver quem mergulha
nas lágrimas deste imenso mar.

É aquele não conhecido,
lembrado no esquecimento,
que grita sem ser ouvido
por estar preso aqui dentro.

Pintura de Alex Stevenson Díaz

terça-feira, 1 de maio de 2012

As vezes da palavra


Às vezes as palavras correm,
escapam e saem de outra boca
ou se escondem em outra mente.
E assim muitos amores sofrem,
como se fossem pintura barroca,
por negarem aquilo que sente.

Às vezes as palavras gritam,
fortes e facilmente proferidas.
Cantam com grande facilidade,
aos corações que tanto se fitam,
canções nunca antes ouvidas
que os preenchem de verdade.

Às vezes as palavras estão aí,
esperando por alguém que as ame
e que sem medo ou arrependimento
possa usar delas como quem ri
de qualquer pessoa que o chame
de louco, ingênuo sem entendimento.

Pintura de Dyanne Parker

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