domingo, 15 de fevereiro de 2015

Agrilhoado


Os protestos surdos de almas valentes
que correm buscando uma ilusão,
crepitam nos corações descontentes
sonhando com o fim da solidão.

Dias em que todos querem amar,
alcançar a aspiração tão querida:
bater as asas, lançar-se no ar,
volitar e abandonar esta vida.

A vontade de encontrar um desejo
é proliferada em alguns quaisquer
que mendigam um nojento sobejo,
resto putrefato, "dos que têm fé."

Então, surgem outras vontades loucas,
quadros brilhantes de lugar nenhum.
E, enganam tantos, essas vozes roucas
que fazem do engano um bem comum.

Pintura de Tomasz Alen Kopera

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O visitante

 
Bateu-me, um poema,  à porta da mente.
Adentrou sem permissão ou convite.
Abriu-me aquelas janelas criativas
para arejar a dor remanescente;
Olhou-me e sussurrou uma ordem: "- Grite!
Não ouça os discursos da falsa gente!"

Reiterou-me o comando proferido.
Pedindo cautela e muita atenção.
"- Abandona-te em um dos outros vícios.
Um daqueles que já tens esquecido
nos traços e curvas da solidão."
E, fugiu-me pela janela o atrevido.

Pintura de John Armstrong

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