segunda-feira, 30 de março de 2015

Aranha tecendo uma teia


Aranha tecendo uma teia.
Assim pareciam os dedos
cantarolando uma dor cheia
de grandes e pequenos medos.

Tímidos espasmos nervosos
descompassavam a canção.
Enquanto olhos meticulosos
abraçavam com emoção

as mudas notas digitais
que reverberavam o ar.
Era um som que não se desfaz
que só olhos podem notar.

Ansiedade, mãe desta veia
musical tão apreciada,
suscita uma aranha e sua teia
nos dedos de alma perturbada.

Pintura de Nicoletta Ceccoli

domingo, 15 de março de 2015

A cela



Me expandi além da moldura,
ela não mais me contém.
Fugi pela parede escura
para te fazer refém.

Sou a cor clara lacrimal,
as pinceladas de um choro
pintado em tom arterial
e ouvido em fúnebre coro.

Eu me arranquei daquela tela
para olhar as tuas cores.
Ver os olhos em aquarela
pulsando do peito as dores.

Me lambe tal insanidade
Me colorindo em verso maior...
E me foge a liberdade
em um muro sujo e só...

Pintura de Alex Stevenson Diaz

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