sábado, 17 de dezembro de 2011

2 dias


Eram apenas dois grandes dias.
Um deles me deu a maior das alegrias,
o outro, a mais horrível e estúpida das agonias.

Um me fez tremer completamente,
me deixou uma única imagem em mente.
O outro, uma foto amassada, calejada e doente.

Eram apenas duas grandes dores.
Uma deixou o meu mundo sem cores,
a outra, me deu uma vida de amargos sabores.

Assim é um coração apaixonado.
Há dias de alegrias e agonias
que mudam completamente uma mente doente,
dando-lhe uma vida com dores, sem cores e sabores.

Pintura de Anna Sponer, Broken heart.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Meu quarto


Eu acreditei em uma esperança,
e pude enxergar o que não via.
Viajei no sonho de uma criança,
Falei sobre a noite em um dia.

Rimei pra fazer rir o choro,
Cantei gotas de solidão.
Já pedi um papel em namoro
só por querer compreensão.

Colori meu quarto sem cores,
esculpi um perdão surreal.
Narrei as minhas, as nossas dores,
em linha curta e virtual.


Pintura de Ana Luísa Kaminski, Inconclusão

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma carta


Ainda está lá, a filha do arrependimento,
toda amassada, porém ainda dobrada,
como se contivesse algum sentimento,
como se fosse uma lágrima falada.

Seu conteúdo voltando a minha mente:
sentimentos nervosos, loucos e inquietos,
estavam transcritos em um grito doente.
Grito dividido em  sussurros completos.

Eram letras cansadas feitas com rapidez.
Uma grande parte equivocada, insensata...
Um eu te amo estava escondido mais de uma vez.
Carta não enviada sem remetente sem data

Pintura de Jacob Lawrence, The Letter

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sonho de Cupido


Ontem sonhei uma lembrança,
uma lembrança que não existiu.
Era tão terna, uma suave dança,
como viagem que não partiu...

Apenas os olhos conversavam.
Depois revoltados pela ilusão,
partiram e não mais sonhavam
acordaram sozinhos na escuridão.

Foi assim, sem deixar saudade,
interrupção de um choro contido.
Seria tão real, se toda a verdade
brotasse do sonho de um cupido.

Pintura de Battistello Caracciolo

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Voo perdido


Plumas, ar e solidão...
Voos perdidos, introvertidos...
Uma única ave na imensidão,
e um ponto de vida, sofrido...

Então minha visão muda de repente,
uma grande mancha de sangue surge.
Uma palavra dita inconsequentemente,
e um desejo, um sonho quebrado, urge.

Talvez fosse grito incontido e mudo
de um eu chorando, esbravejando:
- Eu não te quero, já não me iludo!
Mas era sussuroo pequeno e brando

Papel, tinta e inspiração
sonhos perdidos, introvertidos...
E outra vez um poeta, do coração,
tira seus pesares, de amor feridos.


Pintura de Nicoleta Ceccoli

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pedaço de Sonho



Lembro-me dos cabelos enrolados,
do sorriso sincero, largo e aberto.
Lembro-me dos meus olhos cerrados,
de te ver tão distante estando tão perto.

Foram encontros curtos e poucos
em locais inesperados, imprevisíveis...
Atos cortados, estranhos e loucos,
onde sons e imagens são indefiníveis.

Momentos sem um início, sem um final,
colocados num instante de pensamento.
Foi neste mundo que te conheci: o surreal.
Tu, poema vivo de um sonho ciumento.

Pintura: "O que vemos, o que nos olha" de Ana Luísa Kaminski.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fios de seda

São finos fios de seda
pendendo, tão inválidos.
Uma brisa passageira.
Leves, frágeis e pálidos

Finos fios esquecidos,
solitários e tristonhos.
Saudosos daquela vida
de aspecto medonho.

Tão felizes que eram,
acorrentados à sua função.
Saudosos eram os fios,
fios de morte e solidão.

Pintura de Sander Bearzi

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Paixão? Amor?

Pare de me sufocar,
sentimento estúpido!
Não me faça chorar,
ainda estou lúcido!

Não queira me culpar
por algo que não fiz.
Você não conseguirá,
de novo, me ver  infeliz.

Eu aprendi a vencer,
conquistei o que é meu...
Não, Eu não vou ceder!
Você é você, eu sou EU.

Por que não me deixa em paz?
Veja, cresci, amadureci...
Pra você nunca é demais?
Sei... Já sei, já caí...

Pintura: Girl defending herself against love, de William Adolphe Bouguereau

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Minhas Palavras



E sementes são plantadas,
nutridas com amor meu.
Elas são palavras guardadas
aparentemente roubadas
de alguém que não sou eu.

São sentimentos confusos,
que gritam de desespero,
chorando poemas reclusos
cansados de tantos usos
pelas lágrimas em exagero.

Muitas delas não germinam
apenas morrem por morrer
mas simplesmente me fascinam,
me encantam e alucinam
por em pouco tempo viver. 

Pintura: Passatempos da tarde (Johann Georg Meyer Von Bremen)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Suscitando Poemas


É com lápis e papel branco
Que enxugo todo o meu pranto,
Que o meu coração destranco,
E que minha voz levanto.

São as palavras cinzentas,
Que surgem desta fenda,
Silenciosas ou barulhentas
Suscitadas como oferenda.

Descontroladas e revoltosas,
Correndo pelas alvuras,
Submissas e carinhosas
Criam ideias tão obscuras.

Pintura de Vladimir Kush

domingo, 14 de agosto de 2011

Ao fechar os olhos


Ao fechar os olhos
todo um novo acontece.
O mundo de fora desaparece
em um único pedido ou prece.

Ao fechar os olhos
eu posso voar até o céu
em um aviãozinho de papel.
Girando como um carrossel!

Ao fechar os olhos
a minha mente esquece
que um menino também cresce,
deixa os brinquedos e envelhece.

Ao abrir os olhos
noto que sou adulto
homem que vive no tumulto
de um mundo real oculto.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Devaneio


Quatro da madrugada.
Um quarto que não é meu.
A cabeça atordoada
Por um nada que aconteceu.

Uma saudade louca
De alguém que está aqui.
Uma vontade tão pouca
De voltar a sorrir.

Pintura de Sarah Joncas

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sonho de criança


E a vida tão pequena num barquinho
navegando pelo mar num pergaminho!
Tão serena, adormecida, com vontade de voar.
E de repente, neste sonho um passarinho
com uma vontade alucinada, tão sozinho,
de poder o mundo todo abraçar!

E vem, de fato, da cabeça de um menino
o desejo de querer ser bem pequenino
e descobrir o menor lugar que há.
Como as brincadeiras que água faz no céu,
quando chove toda a tinta do papel
é molhada pra um arco-íris desenhar!

E num desenho fascinante de um brilhante
um pai que chega do trabalho nesse instante,
Tem toda uma família pra beijar!
E é exatamente neste ponto tão importante
que ele acorda em um mundo contrastante
que o faz somente sonhar, sonhar, sonhar!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Portas Mentais




As mesmas portas abertas,
escancaradas pela imensa luz,
e minhas entranhas alertas
a esta força que me reduz.

Sempre fechadas pelo clarão,
misteriosas, intactas, sérias...
Lutam contra minha visão
estas portas de minhas misérias.

Arrastaram-me para seu interior...
Sem visão por tanto brilho
Tomou-me uma oculta dor
onde eu mesmo sou meu filho.

domingo, 17 de abril de 2011

Motivação Implícita


Nós somos pontos...
...pontos perdidos no horizonte.
Lá ao longe...
Quando a visão já não mais alcança.

Somos sombras.
Sombras que se extinguem
com a ausência da luz...

Nuvens que se deformam
e se desfazem com a força do vento.

Mas, aquele ponto ao longe
pode ser uma grande montanha.

E mesmo à noite a lua e as estrelas
surgem para formar novas sombras.

Enquanto as nuvens se desfazem
regando o mundo
para que a vida possa acontecer.

Seja um ponto gigante,
que nasce da luz gerando vida.

domingo, 27 de março de 2011

ESTAR


Ao teu lado
meu corpo consegue descansar...
Tão despreocupado
como pássaro, sem medo de voar.

Junto de ti
sinto que estou seguro.
Não há medo aqui
pois não mais estou no escuro.

Somente contigo
posso confortar meus pensamentos.
Eu já não ligo
para o que dizem os julgamentos.

Estar ao teu lado
junto de ti, somente contigo,
é um abraço apertado
que gosta e fornece abrigo.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Flores que choram


Pensar em flores colhidas,
Nascidas e renascidas
Nas zonas alegres de um coração,
É pensar em momentos eternos,
Felizes, de um ser interno
Que chora sem ter razão.

E as lágrimas aqui narradas
Incertas, desconsoladas,
Regam e suscitam saudades,
Daquilo que foi um mundo
Sempiterno por um segundo
Sem mácula e desigualdades.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Normalidade


Eu sou verde
E todos são brancos.
Então, sou branco
E todos são amarelos.
Eu sou amarelo
E todos são listrados
Agora sou listrado
E todos são verdes...

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