domingo, 13 de março de 2016

Jazigo


Crescem, as flores no meu peito
regadas com lágrimas de saudade.
Aconchegadas onde me deito,
este antro pequeno e estreito
esculpido com as pedras da idade.

Meus olhos foram galvanizados
pelo medo da ferrugem sangrenta
que, fluindo para todos os lados,
consome, corrói os olhos molhados
de fria e crua vida cinzenta.

No entanto, a mim, resta o olfato.
E, com ele, o perfume crescente
das jovens flores às quais me ato.
E nesta dança é pintado um retrato:
a alma viva de uma semente.

Pintura de William Kotarbinski

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