quinta-feira, 4 de junho de 2015

Várias vezes



Na vez primeira
o cheiro foi fogo ardente,
a visão, cobiça confidente
que traz a mortal e impaciente
dor desta cegueira.

Outra vez mais
um beijo seria conforto,
um abraço, perfeito porto
que mantém vivo o morto
som dos meus ais.

Uma vez ainda
um toque seria alívio,
um olhar, novo convívio
que forja o longo e trívio
atalho que não se finda.

Numa última vez
o sentir seria um engano,
o voltar, outro erro humano
que alimenta o desejo profano
que vem da tua nudez.

Pintura de Tomasz Alen Kopera

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